Desenvolvido há cerca de quatro anos na região de Cortes de Mercedes, em Guajará Mirim, o Plano de Manejo de Pirarucu, que tem o incentivo da Energia Sustentável do Brasil (ESBR) por meio do Subprograma de Apoio à Atividade Pesqueira (SAAP) no âmbito do seu Programa de Monitoramento e Apoio à Atividade Pesqueira, conquistou resultados bastante satisfatórios nas três despescas já realizadas.
A terceira despesca do pirarucu aconteceu este ano e contou com a participação de cerca de trinta pessoas, considerando a equipe técnica especializada e os pescadores da Colônia Z2-RO. Os resultados foram apresentados no dia 8 de novembro durante a 10ª reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Pesca realizada no auditório da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Guajará Mirim. Na ocasião, estiveram presentes representantes de órgãos relacionados ao meio ambiente e à pesca, equipes responsáveis pelo Plano de Manejo e pescadores. A empresa Arcadis Logos S.A, responsável pela execução do SAAP e o pesquisador Marcelo Crossa, consultor do Plano de Manejo, ambos contratados pela ESBR, concessionária da Usina Hidrelétrica Jirau, apresentaram os dados e o consultor explicou que a evolução do Plano de Manejo tem superado as expectativas. “A produção praticamente triplicou em relação à primeira despesca realizada em 2015 e o resultado alcançado em aproximadamente 4 anos de atividade era esperado somente para 5 ou 7 anos de trabalho. Os resultados são muito significativos, pois se referem a um projeto que certamente irá contribuir com os demais trabalhos de manejo na região”, ressaltou.
Para o Gerente de Meio Ambiente e Socioeconomia da ESBR, Veríssimo Neto, os estudos atestaram que a região de Cortes de Mercedes, formada por aproximadamente 46 lagos, tem um grande potencial para o manejo de pirarucu. Com isso criou-se uma metodologia para o desenvolvimento do Plano de Manejo baseada na união de conhecimentos e tecnologias tradicionais e científicas e na capacitação dos pescadores e representantes da Colônia Z2-RO que compreenderam a importância do uso da tecnologia neste processo que é altamente sustentável e protege os recursos naturais. “Os avanços foram expressivos e estamos confiantes nos benefícios que esse projeto já traz para a região, proporcionando aumento da renda das famílias envolvidas e proteção da espécie”, afirmou.
Expectativas
A Gerente de Pesca e Aquicultura e Manejo da Fauna da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental, Marli Lustosa, citou duas razões pelas quais considera o Plano de Manejo da UHE Jirau importante: principalmente a viabilidade ambiental, porque vai preservar o estoque pesqueiro de Arapaima gigas (pirarucu), tendo em vista que esta é uma espécie que está na lista da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES), lista esta que estabelece os limites da exploração de espécies vulneráveis ou com grande potencial de extinção, além da viabilidade socioeconômica, ao promover o desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira.
A presidente da Colônia de Pescadores Z2-RO, Gerônima Melo, está otimista quanto ao sucesso do Plano de Manejo. “Estamos buscando o aperfeiçoamento a cada ano que passa e, acima de tudo, confiantes nesse projeto”, ressaltou. O pescador Wilson da Silva destacou o conhecimento adquirido durante as capacitações. “O aprendizado que obtivemos foi muito importante e agora é correr atrás para fomentar a comercialização, pois a pesca está dando muito certo”, finalizou.