Já está em funcionamento o novo Sistema de Previsão Hidrológica da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), concessionária da Usina Hidrelétrica (UHE) Jirau, que informa com maior antecedência e assertividade a vazão do Rio Madeira. O sistema começou a ser desenvolvido em julho de 2015 por meio de um Acordo de Cooperação Técnico Científica (ACT) firmado entre a ESBR e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), possibilitando melhorar as previsões de médio prazo em até 15 dias de antecedência.
Na última semana de janeiro, o pesquisador do Cemaden Márcio Moraes esteve na Usina para colocar o sistema em operação. Segundo Moraes, o modelo aplicado é o Modelo Hidrológico Distribuído (MHD), capaz de transformar a quantidade de água da chuva em vazão. “O sistema simula todo o ciclo hidrológico e as informações disponíveis possibilitam prever as vazões de alguns dias à frente, o que vai contribuir com as atividades de operação da Usina”, afirmou. As grandes vantagens deste modelo são reduzir o risco de grandes cheias em Porto Velho e possibilitar que a Defesa Civil antecipe as providências em caso de enchentes. Além disso, contribui para otimizar os despachos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) das usinas do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira.
De acordo com o Gerente de Hidrologia da ESBR, Pedro Trindade, o sistema permite previsões diárias. “Trata-se de uma ferramenta fundamental para a empresa, pois vem melhorar o processo de previsão de vazões, que já acontece, para que a Usina Hidrelétrica Jirau possa fazer seu planejamento de forma cada vez mais eficiente”, ressaltou.
Trindade destacou ainda que os dados gerados contribuirão com o trabalho realizado pelos órgãos que atuam nas questões das enchentes, por exemplo, a Defesa Civil. “O sistema implantado pela UHE Jirau também será de grande valia para a sociedade que precisa dessas informações o quanto antes”, finalizou.
Sistema é apresentado em reunião do SIPAM – No dia 31 de janeiro, o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) realizou reunião para tratar sobre o período de cheia de 2017.
O Cemaden foi convidado para apresentar o Sistema de Previsão Hidrológica implantado na UHE Jirau durante o encontro, que contou com a participação de representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM), Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Defesa Civil, entre outros órgãos e instituições. Durante a apresentação, o pesquisador da Cemaden, Márcio Moraes, e o Gerente de Hidrologia da ESBR, Pedro Trindade, explicaram os objetivos do trabalho, como foi desenvolvido e está sendo aplicado de forma a antever o nível de vazão do Rio Madeira.
De acordo com Ana Cristina Strava, Coordenadora de Operações do SIPAM, o resultado do encontro foi positivo e ressaltou a importância da implantação de equipamentos de monitoramento ao longo dos rios e sobre a previsão de cheia em 2017. “A Bacia do Rio Madeira está dentro da normalidade. A previsão é de que este ano não tenhamos grandes cheias e inundações que impactem, provocando alagamentos e prejuízos’, explicou.
O Gerente do Centro Regional do SIPAM em Porto Velho, Alberto Canosa, elogiou a iniciativa da ESBR. “Foi muito importante para o SIPAM e demais órgãos conhecerem o modelo implantado na UHE Jirau para previsão de vazão, isso com certeza vai contribuir com os trabalhos a serem feitos durante os períodos de cheia e seca na região”, concluiu.
Acordo assinado com o Peru – Com a finalidade de melhorar ainda mais as previsões de vazões, a ESBR assinou um acordo em agosto de 2016 com a Autoridad Administrativo del Agua do Peru para instalação de uma estação hidrométrica no Rio Madre de Dios, na cidade de Puerto Maldonado. A empresa forneceu e instalou os equipamentos enquanto o país vizinho ficou responsável pela operação e manutenção dos mesmos. De acordo com o Geólogo da ESBR, Osmair Ferreira, a estação Amaru Mayu, no Peru, tem transmitido via satélite alturas de chuva e níveis d´água a cada 15 minutos. “Esses dados são um avanço para a previsão de vazão do Rio Madeira, ou seja, para saber o que vai acontecer aqui”, comentou. Ferreira disse ainda que o ideal seria o fornecimento dessas informações também por parte do governo boliviano. A Agência Nacional de Águas estabeleceu um convênio para instalação de estações de monitoramento na Bolívia, mas não há informação de quando o trabalho será iniciado.