Através do Programa de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), o projeto “Robô para Operação de Stoplogs Alagados – ANEEL PD-6631- 0002/2013” está sendo desenvolvido na Usina Hidrelétrica Jirau. E tem como executora, a Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos – COPPETEC, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O robô, denominado “Viga Pescadora Inteligente”, foi desenvolvido para reduzir o tempo em atividades de fechamento das Unidades Geradoras que necessitem de esgotamento do circuito hidráulico. Tal otimização é conseguida pelo fato das checagens de pesca correta do painel e de possíveis obstáculos no guiamento, serem realizadas online e sem necessidade de mergulhadores. Assim, a Unidade Geradora em manutenção, é disponibilizada mais rapidamente ao Operador Nacional do Sistema (ONS), e com maior segurança dos profissionais envolvidos nas atividades de mergulho e operação dos stoplogs (comportas de operação hidráulica das turbinas).
O projeto ROSA foi iniciado em outubro de 2013 e a última fase de testes para a sua implantação, aconteceu no dia 26 de fevereiro. Segundo o professor e coordenador do Projeto pela executora COPPETEC/UFRJ, o engenheiro eletricista Ramon Romankevicius Costa, o robô é constituído por sensores e sonares conectados à ‘Viga Pescadora Inteligente’, através de um software desenvolvido especialmente para este objetivo. “Dessa forma, informações gráficas são transmitidas para um tablete na cabine do pórtico, onde fica o operador. Os sensores medirão dados detalhados sobre o status da operação de pesca e despesca dos stoplogs, como por exemplo, se os ganchos da viga se conectaram aos painéis”, explica.
Durante os testes, os operadores da Usina Jirau participaram ativamente da implantação dos robôs, detalhando as dificuldades do procedimento adotado atualmente, sem a ajuda do sistema. “As imagens gráficas e sonoras geram confiança. Com o robô, não teremos mais dúvidas se a viga pescou ou não o stoplog”, assegura João Ernani, operador de pórtico da ESBR. O coordenador de Manutenção Mecânica da ESBR, Breno Carvalho, destaca o pioneirismo do projeto, que certamente será implantado por outras hidrelétricas do Brasil.
“Como o Rio Madeira possui uma água muito turva, o trabalho se torna mais difícil e muito perigoso, tanto para o operador quanto para os mergulhadores. Com esse sistema, reduzimos a utilização da atividade de mergulho e ainda permitimos que o operador se baseie nas informações concretas enviadas pelo robô para tomada de decisões”.
A Usina Hidrelétrica Jirau tem hoje 28 turbinas em operação. Mas serão 50, que juntas somarão 200 comportas para manutenção. Visando sempre a segurança e a redução do tempo de indisponibilidade das máquinas, a Energia Sustentável do Brasil fomentou o investimento no projeto de pesquisa. Para o diretor de Operação da ESBR, Isac Teixeira, quanto menor for o tempo de parada dessas máquinas para inspeção ou manutenção, maior a geração de energia elétrica segura e eficiente. “A Viga Pescadora Inteligente vai nos permitir, por exemplo, até trabalhar à noite, se necessário, o que hoje não conseguimos por necessitar dos mergulhadores. Evitando essa prática, ganhamos tempo e um trabalho com mais segurança a todos”.
SOBRE A APLICAÇÃO DO PROJETO
O stoplog é utilizado para isolar a máquina em hidrelétricas, permitindo assim a drenagem d’água e acesso para inspeção/manutenção interna do circuito hidráulico. O operador remove e instala o stoplog, utilizando um equipamento denominado viga pescadora em conjunto com uma espécie de guindaste sobre trilhos, denominado pórtico rolante. A otimização deste processo de vedação da unidade geradora, representa uma redução do tempo de parada da máquina, logo um aumento na disponibilidade da mesma para geração de energia elétrica. O projeto ANEEL PD-6631-0002/2013 se traduz em um sistema robótico, desenvolvido utilizando o estado da arte em robótica subaquática, que otimize a operação de inserção e remoção destes stoplogs, além de proporcionar maior segurança na atividade.
O robô é constituído por um conjunto de sensores e atuadores à prova d’água, instalados na viga pescadora e conectados a um sistema eletrônico, que irá processar e transmitir as informações para a superfície. Na superfície, os dados e controles do sistema poderão ser visualizados em uma interface gráfica no console de comando, pelo operador. Os atuadores possibilitam intervir na operação resolvendo problemas encontrados, sem a necessidade de enviar mergulhadores ao local.