O “3º Workshop do Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Biomarcadores de Toxicidade de Mercúrio Aplicados ao Setor Hidrelétrico na Amazônia” aconteceu em Manaus nos dias 3 e 4 de maio no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. O projeto é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica e desenvolvido no âmbito do Programa de P&D nº 6631-0001/2012 da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), concessionária da Usina Hidrelétrica Jirau.
Realizado por pesquisadores de diversas universidades do país, o projeto tem o objetivo de identificar substâncias que possam funcionar como indicadores da toxicidade do mercúrio e que seja aplicado ao setor hidrelétrico. Os estudos, que são considerados inovadores no mundo, foram iniciados em 2013 e utilizam a técnica chamada de metaloma, que consiste na separação das proteínas, do pescado e do leite materno, por exemplo, para verificar a qual proteína o mercúrio está associado.
Segundo o coordenador da pesquisa, professor Luiz Fabrício Zara, da Universidade de Brasília, as amostras foram coletadas na bacia do Rio Madeira, em Rondônia, na bacia do Rio Tocantins, em Goiás e Maranhão, e no Rio Negro, no Amazonas, para verificar a presença do metal em peixes, alimentos e no leite materno. “Nosso grupo de pesquisa já encontrou metaloproteínas associadas ao mercúrio em peixe e no leite materno com grande potencial para biomarcadores.
Como é de conhecimento comum, a expansão do setor hidrelétrico para a Amazônia já é uma realidade e a Amazônia brasileira é rica em mercúrio natural. Por isso, demanda pesquisas e estudos associados a mecanismos de vigilância, de modo que se possa ter um real desenvolvimento socioambiental”, afirma Zara. De acordo com a Engenheira de P&D da ESBR, Gizele Silva, o investimento do setor em projetos é feito com responsabilidade social e perspectiva de futuro. “Investimos em projetos que tragam retorno para a comunidade e para o setor elétrico de forma sustentável”, ressalta Gizele.
Como parte das atividades do “3º Workshop do Projeto de P&D Biomarcadores de Toxicidade do Mercúrio Aplicados ao Setor Hidrelétrico na Amazônia”, foram entregues os resultados dos exames que quantificaram o teor de mercúrio presente em amostras de cabelos e de leite materno em mulheres que amamentam na comunidade do Livramento, na Reserva de Desenvolvimento do Tupé no Amazonas. Os resultados mostraram baixa presença de mercúrio nas ribeirinhas. A entrega foi feita durante visita à comunidade de Livramento por um grupo aproximadamente de 30 pessoas, entre representantes da ESBR, pesquisadores e bolsistas de várias instituições de ensino e pesquisa nacionais. De acordo ainda com os resultados dos estudos, a presença de mercúrio quantificada nas mulheres que amamentam está abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
Para o Gerente de Meio ambiente e Socioeconomia da ESBR, Veríssimo Neto, a intoxicação por mercúrio é indicada como uma das doenças não transmissíveis mais envolvidas em impactos ambientais de projetos hidrelétricos. “Diante desse cenário, a pesquisa servirá de apoio ao trabalho de monitoramento das comunidades e do meio ambiente ao redor das hidrelétricas da Amazônia e no nosso caso, da UHE Jirau”, destaca Veríssimo.
O encerramento dos estudos está previsto para 2017 e a intenção é que as conclusões sejam apresentadas em duas publicações: uma para o meio científico e outra para a sociedade, de modo que possam servir para a adoção de políticas públicas de saúde.