A Energia Sustentável do Brasil, concessionária da Usina Hidrelétrica Jirau, informa:
1) Os supostos benefícios da implantação das 6 unidades geradoras adicionais da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, incluindo a sua exclusividade para o atendimento do Sistema Acre-Rondônia, têm sido veiculados de maneira tendenciosa pela Santo Antônio Energia;
2) A Energia Sustentável do Brasil acredita e valoriza a publicação de informações claras, amplas e precisas sobre o assunto, que é de interesse da sociedade em geral, especialmente da opinião pública dos estados de Rondônia e Acre;
3) Por este motivo, reafirmamos que o atendimento aos consumidores dos 2 estados é realizado por diversas instalações, que incluem o sistema de transmissão que escoa a energia gerada pelas usinas hidrelétricas do Rio Madeira (Jirau e Santo Antônio);
4) Assim, as Unidades Geradoras da Usina Hidrelétrica Jirau também fornecem energia elétrica para o sistema Acre Rondônia, seja pelo Transformador TF-13 (450 MW) ou pelo equipamento denominado “back-to-back” (800 MW), ambos instalados na Subestação Coletora Porto Velho. Esse fornecimento já ocorre hoje com as 46 turbinas da Usina Jirau que estão em operação comercial e com as outras 2 que estão gerando em teste, possibilitando o aumento da confiabilidade do sistema elétrico;
5) 5 unidades geradoras da expansão da Usina Hidrelétrica Santo Antônio já se encontram em operação na cota 70,5m, resultando em geração de energia e de receita para a empresa Santo Antônio Energia. Por decisão própria, a Santo Antônio Energia não está operando comercialmente essas turbinas da expansão, pois optou por não solicitar ainda essa liberação para a Agência Nacional de Energia Elétrica;
6) As 6 unidades adicionais da Usina Hidrelétrica Santo Antônio agregam ao Sistema Elétrico Brasileiro 66,9 MW médios na cota atual de 70,5m. Caso seja aprovada pelos órgãos reguladores a subida de cota do reservatório de 70,5m para 71,3m, hoje com pendências ambientais relativas aos impactos nos meios físico, biótico e socioeconômico, e judiciais, será acrescida na Usina Santo Antônio uma energia adicional de 140 MW médios;
7) Ocorre que, com a subida da cota da Usina Santo Antônio, a Usina Jirau deixa de gerar 56,9 MW médios. Portanto, o ganho energético da cota 71,3m para o Sistema Elétrico Brasileiro, considerando o aproveitamento ótimo do Sistema, é de apenas 83,1 MW médios, conforme cálculo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética em 2011. Tal montante de energia desconsidera eventuais restrições operativas das turbinas da Usina de Santo Antônio e outras questões associadas à sua operação e eficiência, que resultam em redução significativa na disponibilidade de fornecimento de energia dessa Usina;
8) Cumpre esclarecer ainda que, o órgão público concedente foi surpreendido com a informação apresentada pela Santo Antônio Energia no decorrer do processo de construção da Usina de Santo Antônio, de que suas turbinas possuíam faixas de operação não previstas no edital de licitação do leilão, havendo restrição de funcionamento em período de estiagem (seca), quando as quedas de água (diferença entre os níveis do rio acima e abaixo da barragem) são elevadas, e também no período de cheia, quando as quedas são baixas.
9) Diante dos esclarecimentos aqui prestados, principalmente no que se refere à avaliação do aproveitamento ótimo para o Sistema Elétrico Brasileiro, para o Sistema Acre/Rondônia e para o interesse público, a Energia Sustentável do Brasil destaca que a decisão sobre a subida de cota de uma hidrelétrica não pode considerar apenas a questão energética, mas também os impactos ambientais e sociais desse aumento. É preciso considerar a população de Porto Velho, principalmente os que serão atingidos com a subida da cota do reservatório da Usina de Santo Antônio. Os Ministérios Públicos Estadual e Federal, a Assembleia Legislativa de Rondônia e, em especial o IBAMA, estão analisando esses impactos versus o ganho energético que seria proporcionado pela Usina de Santo Antônio, que é, na verdade, bem inferior a 80 MW médios.